CMALV-122

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nº Inventário: CMALV 122
Denominação habitual: Órgão de búzios
Título: N/A

Dimensões:

Altura (cm): 99.2
Largura (cm): 95.2
Comprimento (cm): 25.8
Técnica: Mista

Descrição/ Historial:
Estrutura simples de madeira, formada por um tampo rectangular estreito, com as bordas elevadas e lisas, assim como o aro. Ao centro, possui, encaixado na borda, um suporte rectangular para partitura. Possui quatro pernas de secção quadrangular lisa, com travessas a toda a volta, excepto na face frontal. No cimo de cada uma das pernas tem pousada uma pequena concha. Está todo pintado de azul petróleo, embora se consigam perceber marcas de outra tinta de um azul mais forte. Sobre o tampo tem um pano feito à medida, com chitas de Alcobaça (CMALV 122/1), e sobre ele, catorze búzios colocados dois a dois no sentido vertical. A sua colocação não é aleatória, seguindo uma lógica que permite, ao encostar cada um dos búzios ao ouvido, ouvir através dele uma nota musical diferente.
Terá sido Afonso Lopes Vieira o “inventor” deste instrumento musical para o qual chegou mesmo a compor e a tocar músicas. Há, aliás, uma fotografia, não datada (in NOBRE, Cristina – Fotobiografia. Afonso Lopes Vieira. 1878-1946, Leiria: Imagens e Letras, 2007, p.66), onde o poeta aparece no terraço/pátio da sua casa em S. Pedro de Moel, sentado a uma cadeira a tocar o órgão de búzios (e nele vê-se uma pauta colocada no suporte próprio).
Em 25 de Julho de 1925, Afonso Lopes Vieira escreve a Leonor Rosa, falando-lhe do órgão de búzios: “Acabo de erigir aqui na varanda o Altar do Mar, com Camões, História trágico-marítima, um aquário de anémonas e os mais lindos búzios e conchas das da minha já vasta colecção (cerca de 100 búzios diversos). Como complemento do altar, o órgão de búzios, em que toco frases musicais, de coral, completas, e para que componho música. O órgão foi afinado pelo Francisco de Lacerda há um ano. Assim brinca este velho menino solitário, que se basta misticamente a si próprio. […]” (in Excerto de Carta a D. Leonor Rosa, 25 de Julho de 1925. BMLALV, A115, nº 33549). Sabe-se assim que, pelo menos em 1924 o órgão já existiria, e foi nesse ano afinado por Francisco Lacerda (1869-1934) – musicólogo, compositor e maestro – quem, aliás, terá composto também algumas músicas para ele.
Raul Lino, no texto que escreveu para o livro In Memoriam, sobre as casas onde Afonso Lopes Vieira viveu, diz o seguinte acerca do órgão: “[…]Havia também [na varanda] um pequeno órgão marinho, inventado pelo Poeta, com série de búzios que se aplicavam sucessivamente ao ouvido para nos segredarem o tom velado e distante, diferente em cada um, de que resultava sempre em conjunto um coral cheio de nostalgia, impressionante pela serena, inalterada continuidade da sua plangência.” (in LINO, Raul – “Casas onde o Poeta viveu”, in AAVV- Afonso Lopes Vieira. 1878-1946. In Memoriam. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1946(?), p.51)

Incorporação: Doação (1947)
Localização: Casa-Museu – Varanda
Datação: Desconhecida (anterior a 1925)
Autoria: Desconhecida (Afonso Lopes Vieira?)

Elemento de um conjunto:
Localização: Casa-Museu – Varanda
Denominação: Pano de chita
Nº de Inventário: CMALV 122/1